A festa, um dos maiores eventos culturais e depois de dois anos de pandemia, volta para as ruas da região do Campo das Vertentes
O Carnaval na capital mineira promete receber cerca de 5 milhões de pessoas, mas não foi sempre assim. Quem conhece o Carnaval de Minas sabe que essa movimentação em Belo Horizonte é recente, e que por muito tempo, quem dominou essa folia foram as cidades históricas, como São João del-Rei, Tiradentes, Ouro Preto e Diamantina.
Como uma cidade histórica, São João del-Rei recebe muitos turistas e tem um Carnaval tradicional. Os são-joanenses adoram a festa e neste ano, além dos 50 blocos de rua, há os desfiles das escolas de samba na avenida. Uma vantagem da localidade é que ela é cercada pelas Serras de São José e Serra do Lenheiro, com inúmeras cachoeiras próximas. Dessa forma, os foliões aproveitam para se refrescar e recarregar as energias entre uma folia e outra.
O município é considerado um dos destinos mais procurados do Carnaval mineiro, e além de trazer muita alegria para todos, também ajuda a movimentar a economia da cidade, não apenas pela arrecadação de impostos, mas com a chegada de turistas ocupando os hotéis, consumindo nos restaurantes, bares e lojas.
Segundo o docente do curso de gestão do Senac de São João del-Rei Gustavo Amaral, o setor de turismo tem, no Carnaval, o momento de maior faturamento no início do ano. A festa movimenta a economia em fevereiro, um mês relativamente curto, mas com a ajuda da celebração começa a “esquentar as turbinas", por meio da economia criativa impulsionada pelas atividades financeiras.
O economista também pontua como o Carnaval é responsável por trabalhos temporários, seja daqueles que irão vender bebidas nas ruas, até quem ajuda na divulgação do evento. Durante a pandemia, a não realização do festejo trouxe impactos intensos na economia, principalmente na geração de empregos para esses ambulantes: de acordo com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o país deixou de lucrar cerca de R$ 3 bilhões.
“Como o Carnaval está voltando depois de 2 anos, a expectativa para São João del- Rei e Tiradentes é capacidade máxima, isto é, 100% de ocupação na rede de pousadas e hotéis. Como a atividade turística recepciona o folião que vem de fora, o dinheiro que ele gasta durante a folia aumenta a renda e a circulação de dinheiro no município, gerando assim riqueza para o território”, explica Gustavo.
Em 2022, teve o Carnaval temporão, em abril, não tão amplo e sem o entusiasmo dos foliões, ainda ressabiados com a doença, de acordo com o especialista. O impacto negativo na economia foi considerável. “Donos de pousadas e hotéis tiveram um faturamento bem menor no mês de fevereiro destes anos, e isso impactou o fluxo de caixa diretamente. Os setores que dão suporte ao Carnaval, como empresas de eventos, montagem de infraestrutura e até artistas que se apresentam na festa, sofreram por conta do cancelamento”, relembra.
Mas este ano, a Covid não vai atrapalhar o Carnaval, a preocupação é grande, porém, com os cuidados e as medidas de precaução, a promessa é amenizar a transmissão do vírus. Na cidade, o uso de máscaras é obrigatório em locais fechados, transporte público e hospitais.
“Para 2023 a expectativa é a melhor possível. Por conta dessa demanda reprimida, o clima de carnaval já vem tomando conta das cidades. Em São João del-Rei, nos três finais de semana que antecedem a folia, começaram os “gritos de Carnaval” com a mobilização de foliões, empresas de eventos, grupos de sambas e pagode”, finaliza o especialista.
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