Recurso será repassado à Aesbra e usado em estrutura para blocos de rua.
Presidente da ABBC del-Rei disse que valor investido não é suficiente.
O carnaval de São João del Rei deve custar R$ 500 mil aos cofres públicos neste ano. A informação foi divulgada pelo prefeito Nivaldo de Andrade durante entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (23).
"Eu estou apostando no carnaval, no turista que vem para São João del Rei ver os blocos de rua e as escolas de samba. Isso dá movimento às pousadas e hotéis e tem também a arrecadação de impostos, como o ICMS e o ISS, que retornam para o município", afirmou.
Serão destinados R$ 360 mil à Associação das Escolas de Samba, Blocos de Rua e Ranchos de São João del Rei (Aesbra) e mais de R$ 100 mil serão investidos em estrutura para os blocos de rua. Esse recurso vai ser usado para a contratação de carros de som, banheiros químicos, segurança e limpeza.
"Não adianta você passar R$ 1 milhão e não ter mais carnaval nos outros anos. É melhor você trabalhar com um orçamento de R$ 500 mil e ter o carnaval em todos os quatro anos", afirmou Andrade.
Para gerar economia e fazer a festa em 2017, Nivaldo abriu mão de cargos do segundo escalão no primeiro mês de governo. De acordo com ele, essa contenção de gastos vai render R$ 200 mil ao caixa do município.
Participaram da coletiva a Secretária de Cultura, Maria Elvira e o Secretário de Agricultura, Marcos Fróis, que faz parte da comissão de organização do carnaval. O Presidente da Associação de Bandas e Blocos Carnavalescos de São João del Rei (ABBC del-Rei), Edmílson Sales também esteve presente.
Até o fim deste mês, a Prefeitura volta a se reunir com os representantes das associações que organizam o carnaval e também com as forças de segurança: Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal.
Repasses
Ficou acertado que o dinheiro repassado pela Prefeitura vai ser usado para que as escolas de samba e os blocos de rua que fazem parte da Aesbra se preparem para os desfiles. "Foi mantida a mesma divisão de 2015: R$ 50 mil para cada escola e R$ 10 mil para cada bloco", disse o presidente da Aesbra, Thiago Bracarense. Seis escolas de samba, duas escolas mirins e três blocos fazem parte da entidade.
Em contrapartida, a Aesbra vai ser responsável pela organização, estrutura e montagem onde as escolas vão desfilar. Esses gastos vão ficar por conta da associação. "Apesar do repasse ser de R$ 360 mil, o nosso gasto é de R$ 550. Esse é o valor total que a Aesbra vai pagar pelo carnaval. E esse dinheiro de complemento a gente conseguiu junto de patrocinadores que vão bancar essa estrutura a mais: arquibancada, iluminação, estrutura e segurança", explicou. O gasto dos patrocinadores vai girar em torno de R$ 190 mil.
Impasses
Sobre os blocos de rua, o secretário de Agricultura Marcos Fróis disse que a Prefeitura vai ficar por conta da infraestrutura necessária para os desfiles. "Nós estamos, na verdade, fazendo dois carnavais em um só. A festa em São João del Rei vai começar no primeiro fim de semana de fevereiro. Vai ser carnaval praticamento o mês todo. E temos que ter som, banheiro e estrutura tanto para o morador, quando para o turista", pontuou.
Cerca de 50 blocos de rua estão programados para sair pelas ruas da cidade. Mas para o presidente da ABBC del-Rei, o dinheiro investido não é suficiente. "É menos da metade do necessário para fazer um carnaval com segurança. Compreendemos e entendemos o posicionamento da Prefeitura, mas não temos como pagar um complemento dessa estrutura e assumir a responsabilidade. É arriscado! De 2011 para cá, quando a associação foi criada, nós nunca recebemos nenhuma quantia de dinheiro sequer", afirmou Sales.
O presidente da ABBC del-Rei disse ainda que os blocos mudaram trajetos, modificaram a organização e se adaptaram para atender a nova realidade do carnaval da cidade, mas que é preciso uma atenção maior da organização já que "os blocos de rua representam a tradição do carnaval da cidade. Com esse valor nós não temos como sair com 50 blocos de rua. É uma responsabilidade muito grande"", afirmou.
Preservação
Os organizadores do carnaval já se reuniram com representantes do Ministério Público e com o Conselho Municipal de Patrimônio. De acordo com o secretário de Agricultura, os promotores chegaram a cogitar a possibilidade de colocar tapumes nos monumentos históricos que estão nos percursos dos blocos.
No entanto, a ideia foi descartada. Segundo ele, nas próximas semanas, vai começar uma campanha educativa para conscientizar a população da importância de se preservar o patrimônio.
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